Em meados da dedada de 60, tendo Ray Johnson como principal promotor, deu-se inicio a um movimento cultural mundial de envio de artes em geral, através de sistema postal. Considerando as dificuldades de acesso a galerias físicas, a produção de exposições e reconhecimento de novos nomes no mundo das artes, muitos artistas viram a Mail Art como uma possibilidade acessível e inovadora de divulgação das suas produções. O envio postal conseguia chegar em áreas onde galerias e outros artistas eram escassos. Em meados dos anos 90, essa nova forma de arte começou a ter algum impacto nas galerias comerciais, o que ia de encontro com a proposta de Ray Johnson, que era a livre troca de arte em oposição a comercialização.
Mail Art de John Fellows
Autor não identificado
No auge da Mail Art, foram criados selos e cartões postais e outras obras vinculadas ao meio postal, além das obras que eram enviadas via serviço postal, que consistiam em cartas com adição de rabiscos, desenhos, mensagens estampadas com borracha, xilogravura, fotocópias , entre outros. O que diferencia a arte postal de qualquer movimento, escola ou grupo tradicional artístico, é a ausência de hierarquias, qualquer um pode participar, além de não existir regras que delimitam os trabalho em formas, conteúdos ou prazos. Seria uma forma de “vale tudo”.
A inserção dos artistas nesse projeto ocorre por meio de convites, como define o seu percursor, Ray Johnson, “um show de arte postal, não tem júri, sem entrada taxa, não há censura, e todas as obras são expostas. O propósito da Mail Art, uma atividade compartilhada por muitos artistas em todo o mundo, é estabelecer uma comunicação estética entre os artistas e pessoas comuns em todos os cantos do mundo, para divulgar o seu trabalho fora das estruturas do mercado de arte e fora dos locais tradicionais e instituições: a comunicação livre em que as palavras e sinais, textos e cores agem como instrumentos para uma interação direta e imediata “.
Após a década de 90, com a popularização da internet e das novas formas de comunicação, a Mail Art migrou para a internet, tornando-se E-mail Art. Alguns artistas acreditam que essa digitalização da arte, seria uma nova forma de arte, havendo grandes distinções entre a Mail Art e a E-Mail Art. Já outros acreditam que esse movimento só se atualizou, que continua com os mesmos conceitos, mudando apenas a plataforma de envio. Com a internet, houve uma maior e mais rápida disseminação da E-mail Art e aumentou a participação de um maior número de novos artistas e receptores. Mesmo assim, ainda existem alguns artistas que preferem a surpresa de receber um envelope na sua caixa de correio.
Com a internet, um maior número de cópias em PDF, fotografias, criações digitais passaram a ser os principais conteúdos do E-mail Art, além da performance, que tem sido uma vertente de conteúdo com bastante presença nessa nova forma de envio de arte. As performances são documentadas em vídeo e transmitidas através de filmes para internet.
Os conteúdos da Mail Art, quanto da E-mail Art tem sido exibidos em espaços alternativos, como mostras, museus e importantes galerias de todo o mundo, além da comercialização da obra. O que distorce totalmente o conceito do movimento, que é uma não comercialização da obra e uma forma de divulgação diferenciada, o que continua da mesma forma desde o início, é a inserção dos artistas no movimento de divulgação.
O que podemos perceber, é uma adaptação das formas para acompanhar as mudanças decorrentes ao longo do tempo. O que no início era um trabalho totalmente manual, de envio e recebimentos de correspondências, com o advento da internet e dos meios, essa forma de divulgação se adaptou, passando de uma atividade totalmente manual, para algo completamente digital e sem perder as características principais.
Desde o início e até hoje, a Mail/E-mail Art é amplamente praticada na Europa, América do Norte e do Sul, Rússia, Austrália e Japão. Com um número reduzido de participantes, mas também na África e na China.